Pregação no contexto de uma cerimónia de casamento (18 Abril 2015)
Entrando um pouco naquilo que preparei para vos dizer esta tarde gostava que iniciássemos este momento lendo uma passagem da Bíblia Sagrada que foi escolhida pelos noivos para dar o mote a esta cerimónia de casamento.
Está em Jeremias 17:7-8, está também aqui projetada.
“Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se perturba nem deixa de dar fruto.”
Neste pequeno texto escrito pelo profeta Jeremias há centenas de anos atrás, a palavra-chave que identifiquei foi “confia” – Bendito, ou abençoado ou mesmo em algumas traduções usam o termo “feliz” o homem que confia no Senhor. Assim diria que, se tivéssemos de reter algo desta mensagem seria a palavra Confiança… confiança em Deus.
Explorando a palavra Confiança, cheguei à conclusão que é um conceito muito presente no nosso dia-a-dia. Por confiança entende-se:
Crença na virtude moral, na sinceridade, lealdade, competência, discrição etc. de outrem; crédito, fé. Crença de que algo não falhará, de que é bem-feito ou forte o suficiente para cumprir a sua função.
Se todos nós buscarmos alguns exemplos de como confiamos nos outros no nosso dia-a-dia poderemos ver que confiamos em muitas coisas sem ter todas as certezas para confiar.
No dia-a-dia confiamos em coisas simples como por exemplo no padeiro que fez o pão que comemos; confiamos no mecânico que nos reparou o carro; confiamos na educadora que fica o dia inteiro com os nossos filhos; confiamos no nosso cônjuge; confiamos de que o patrão nos irá pagar no fim do mês; confiamos, confiamos e confiamos, estamos sempre a confiar. Se assim não fosse não poderíamos ter uma vida “normal”, pois não é praticável estar sempre a desconfiar de tudo aquilo que envolve o nosso dia-a-dia.
Por exemplo muitas pessoas confiam nos pilotos de avião, entram nos aviões sem sequer conhecer quem os vai guiar durante aquela viagem. Quem aqui já andou de avião? E sabia pelo menos o nome do comandante do avião? Se ele era ou não uma pessoa credível na sua função? Nem o nome quanto mais se é uma pessoa credível para aquela tarefa. Mas confiaram! Entraram no avião e realizaram a viagem! Mas infelizmente sabemos que por vezes essa confiança é quebrada, temos o exemplo daquele avião que se despenhou nos Alpes franceses.
Muitas pessoas confiam nos bancos onde depositam as suas poupanças. Colocam lá o fruto de muito trabalho confiando que nada vai abalar aquele dinheiro que é supostamente a sua segurança para o futuro. Mas sabemos de acontecimentos tipo falência do banco norte-americano Lehman Brothers, e bem mais perto de nós o caso do BES que quebrou a confiança dos seus clientes. Levou-os a confiar de que nada abalaria o banco, mas na verdade foi à falência.
Muitas pessoas confiam nos seus relacionamentos para aí buscarem alento para a vida, confiam nos amigos, família, irmãos, e isso não é mau em si mesmo, porque é digno de registo quando encontramos alguém em quem podemos confiar isso dá-nos segurança. Mas quando assistimos a notícias de pais e mães a matarem os seus próprios filhos ficamos sem esperança na humanidade. Pessoalmente fico profundamente triste! E os casos de famílias destruídas por causa do divórcio, que cada vez aumenta mais.
Muitas pessoas confiam também na sua própria força, para superar os desafios da vida, como por exemplo na saúde enfrentando doenças como o cancro. Mas sabemos que não controlamos isso, por mais que nos esforcemos, nunca poderemos dizer que nunca iremos apanhar cancro.
O próprio casamento é uma relação de confiança um no outro. Tem de existir confiança de que o outro vai zelar pelo relacionamento e pela nova família que nasce aqui esta tarde.
Confiamos em tanta coisa com tão poucas certezas! Não concordam?
Mas quando alguém nos sugere para confiar em Deus, achamos isso um completo absurdo! Argumentamos que não temos provas de que Deus exista, por isso não acreditamos Nele logo não Lhe confiamos as nossas vidas.
Mas reparem no paradoxo, não sabemos se o piloto de avião está apto para dirigir o avião, mas confiamos e entramos. Alguém sabe se a comida que vamos comer de seguida na boda, que sei que alguns estão com uma grande expectativa em relação a isso. Se foi bem cozinhada? Quem a cozinhou? Tem formação? Etc…
Quem é pai e mãe sabe o que passou pela experiência de levar o seu filho ao infantário pela primeira vez. Talvez com meses de idade ainda. Mas entregámos a vida do nosso tesouro/filho nas mãos de alguém que na verdade apenas conhecíamos ou alguns dias antes ou então de referência por outra pessoa em quem confiávamos.
Quantas pessoas já te falaram de que podes confiar em Deus? Quantas vezes já ouviste falar de Deus, de que Deus te ama e quer viver um relacionamento contigo para te dar uma vida que vale a pena ser vivida? Mas mesmo assim é mais fácil confiar nessas coisas no dia-a-dia do que confiar em Deus!
O texto identifica um sujeito, o homem, que aqui pode referir-se tanto ao género Masculino como feminino, este sujeito que confia em algo que é digno de confiança.
Quantas ações de confiança realiza no seu dia-a-dia que implica agir sob a base de que em quem confia é digno de confiança? Faça a pergunta o que o leva a confiar nessas pessoas ou coisas? Não estará a arriscar muito?
Deus é digno de confiança. É aquilo que o profeta Jeremias está a dizer! De que Deus é alguém em quem podemos confiar sem reservas, sem medos, sem desilusões!
Alguém de quem nós sabemos o que podemos esperar. Deus é imutável, ele não muda, Dele nós podemos esperar certezas e Deus jamais se contradiz.
“Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor.”
Depois o profeta Jeremias dá uma ilustração daquilo a que se compara o homem que decide confiar em Deus.
“Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se perturba nem deixa de dar fruto.”
Ou seja, quando as outras coisas em que confiamos falham e essas coisas em quem confiamos no nosso dia-a-dia falham mais depressa do que aquilo que ás vezes queremos aceitar, quando as más circunstâncias vêm este homem que confia em Deus não as receia, porque sabe que o Deus em quem ele confia está a cuidar dele.
Não receia quando vem o calor. Não é que o calor não venha, o calor vai vir, o ano da sequidão vai vir, mas quem confia no Senhor não se perturba, porque sabe que o Senhor está a cuidar de quem confia Nele. Quem confia em Deus também passa por dificuldades ou circunstancias menos boas.
E quem não confia em Deus pode fazer a pergunta “Então de que me serve seguir Deus, se tenho azar na mesma?”
Primeiro motivo-o a não entrar num relacionamento com Deus por causa do benefício que Deus lhe pode trazer à sua vida. Como qualquer pessoa aqui presente, ninguém gosta de ser usado, ou seja saber de que existe alguém que é seu amigo apenas pelo que essa pessoa pode ganhar através de si, e não por causa de si simplesmente. Ora com Deus é igual, Deus quer que nos relacionemos com Ele apenas pelo que Ele é, o que Ele dá, vem por acréscimo até porque por vezes não dá e até pode tirar. Mas Deus não quer um relacionamento baseado no egoísmo, em que apenas pensamos em nós próprios e queremos é ganhar algo através de Deus.
É nisso que reside a essência do pecado. Em tudo o homem procurar um benefício próprio, para o seu interesse.
E sabem porque é que Deus é digno da nossa confiança?
Entre outras coisas que poderia dizer, exemplos práticos, de vivência que se passaram com personagens bíblicos. Que se passaram comigo, ou com outras pessoas aqui, por exemplo os próprios noivos, quero apenas citar aquela que me marcou mais e aquela que vai fazer toda a diferença naquilo que precisa de saber acerca de Deus.
Deus é digno da nossa confiança, porque o homem estando nessa atitude de egoísmo que é evidente no dia-a-dia, todos os Homens com H maiúsculo tem esta tendência de procurar sempre o seu próprio interesse, de se colocar no centro das coisas, por isso vivemos numa sociedade em que é cada vez mais difícil confiar.
Por causa dessa condição, estamos afastados de Deus e vamos ser julgados pelas nossas ações. A Bíblia afirma que a consequência do pecado é a morte, ou seja o afastamento de Deus para toda a eternidade. Mas Deus digno de confiança, encontrou a solução perfeita, para a salvação desse afastamento. Como a consequência do pecado é a morte, Jesus Cristo morreu na cruz, por mim e por si. A morte de Jesus substituiu a minha morte e a sua morte. Apesar de ser eu que sou egoísta, foi Jesus que sofreu a consequência do meu erro.
Esta é a boa notícia de Deus para a humanidade, de que já é possível ter um relacionamento com Deus aceitando aquilo que Jesus fez no nosso lugar. Jesus aquele que nunca pecou morreu por cada homem e mulher para lhes dar a oportunidade de viver confiando em Deus. Mas Jesus porque nunca pecou, a própria morte não teve poder sobre Ele e ao terceiro dia Jesus venceu a morte ressuscitando.
A palavra de Deus, dá-nos a promessa de que Jesus está a cuidar de quem confia em Deus no nosso dia-a-dia.
E isso faz toda a diferença quando se fala de confiança.
O texto Bíblico Salmo 37:5 afirma:
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e Ele tudo fará.”
Numa tradução mais atual este diz:
“Põe a tua vida nas mãos de Deus, confia Nele e Ele te ajudará.”
Confia… confiar significa aceitar aquilo que Deus fez por nós através de Jesus Cristo e viver uma vida temente a Deus buscando sempre agradar-lhe em tudo o que fazemos.
Pastor Tiago Afonso
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