Continuação do sermão do monte. Estudámos melhor a oração do “Pai nosso” na terça-feira na reunião de oração e foi uma bênção. Hoje vamos continuar com o restante capítulo 6 vamos ler Mateus 6:19-34 (LER)
Exposição dos versos 19 a 21
Tesouros na terra – tudo o que nos tira o foco do reino de Deus. Não só bens materiais, mas também filhos, família, carreira profissional, etc… E os bens terrenos e materiais.
Tesouros no céu – tudo o que nos ajuda a estar focados no reino de Deus. Oração, evangelização, igreja, palavra de Deus, etc… ganhar almas/pessoas para Cristo.
Existe aqui uma tensão na vida do discípulo de Cristo entre a realidade material e a realidade espiritual. Uma realidade o discípulo apreende com os seus sentidos, a outra entra no campo da fé, logo é de mais difícil perceção. Muitas pessoas vacilam aqui neste ponto porque não têm tanta facilidade em apreender a realidade espiritual quanto a realidade física/material.
Há uma relação direta entre aquilo que consideramos tesouro e o nosso coração.
Importa definir tesouro (algo precioso a que damos importância – confrontar com Mateus 13:44) ou seja nesta pequena parábola vemos que o personagem vendeu todos os bens materiais terrenos para ganhar o tesouro do reino de Deus. Se fosse preciso estaria disposto a vender ou a doar todos os seus bens para seguir Cristo? Para ganhar almas? Exemplo de missionários que saem do conforto do seu país para irem enfrentar perseguição por amor aos perdidos.
Na relação com Cristo, coração é o centro de decisões do homem, em Jeremias 29:13 Deus afirma que nós podemos achá-lo quando o buscarmos de todo o nosso coração. O mandamento mais importante que Jesus nos deixa é amar a Deus de todo o nosso coração. Quando aceitamos Cristo como nosso Senhor e Salvador afirmamos que o “aceitamos no coração”, ou seja, tomámos essa decisão interiormente. Mas infelizmente o coração do homem é enganoso (ver Jeremias 17:9-10) e por isso há esta tensão entre as riquezas do reino de Deus e as riquezas desta terra.
Uma boa forma de avaliarmos a nossa decisão de ser discípulo de Jesus é avaliar onde está o foco do nosso coração? Quem reina no nosso coração?
Exposição dos versos 22 a 23
A Bíblia em Tiago 1:13-16 afirma que o pecado surge pela cobiça, e como surge a cobiça? Através do olhar. Olhar, reparar o que os tesouros na terra que o meu próximo tem, e com isso comparar e ficar com inveja desejando esses tesouros para mim também. O próximo passo é tomar medidas para ter isso também, e assim a nossa vida vai ficando dominada e focada nos tesouros desta terra.
A Bíblia conta que Job (Job 31:1) teve de fazer um pacto com os seus olhos para não cair na tentação com o sexo oposto, alguns de nós têm de fazer a mesma oração de Job, de fazer um pacto com os nossos olhos para não cairmos da tentação de cobiçar o que os outros têm e com isso dar à luz o pecado que nos afasta de Deus.
Exposição do verso 24
Jesus sabe que um verdadeiro rival no senhorio do coração dos seus discípulos iriam ser as riquezas desta terra. Algumas traduções dizem “Mamom” que significa dinheiro.
Não podemos andar indefinidos na caminhada com Cristo, aliás em Apocalipse 3:15-16 afirma que no ser discípulo de Jesus não há meio-termo, ou seja, não há o ser morno, ou se é ou se não é. Jesus numa outra ocasião afirma “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.” (Lucas 11:23).
Então este assunto é muito sério e nós até que podemos tentar seguir Jesus, mas somente o vamos conseguir a 100% quando nos desprendermos das riquezas desta terra. Então tem dificuldade em contribuir financeiramente para a igreja? Para ajudar o próximo? Para apoiar os necessitados? Em doar dinheiro para missões? Para ajudar a igreja perseguida? Talvez esteja muito apegado ás riquezas desta terra e não às riquezas do céu.
Exposição dos versos 25 a 34
Deus conhece as nossas necessidades, por vezes o nosso problema é que confundimos necessidade com supérfluo, e por vezes a luta no nosso dia-a-dia pelo supérfluo causa-nos ansiedade. As aves dos céus vivem apenas para terem o essencial e Deus cuida delas, também cuidará dos seus discípulos. Jesus afirma que a ansiedade não acrescenta nada de positivo à nossa vida. Côvado era uma medida usada no tempo de Jesus que media sensivelmente 45 cm. O mesmo exemplo dado para as aves do céu em relação à comida e à bebida, é dado em relação à roupa, mas com os lírios, no fundo erva, que hoje existe e amanhã é queimada quanto mais cuidará dos seus discípulos? Todos nós de uma forma geral sabemos quem foi Salomão, mas se formos até I Reis 10:14-29 ler uma descrição daquilo que ele possuía, podemos ver efetivamente aquilo que Jesus dá como exemplo.
Um discípulo de Cristo não deve ceder diante as modas do mundo caindo num consumismo tendo como primeira regra o “ter”.
Um outro aspeto interessante é vermos a quantidade de paralelos que existe entre estas palavras de Jesus e a oração do Pai nosso. No verso 7 Jesus foca os gentios, os pagãos que não tinha Deus como Deus, e no verso 32 Jesus volta a focar esse mesmo grupo de pessoas. Os gentios procuram essas mesmas coisas porque não têm um deus que cuida deles, nós, porém os discípulos de Cristo temos um Deus diferente dos pagãos, que cuida de nós, que se preocupa connosco.
O nosso Deus no verso 9 na oração do Pai nosso é descrito como sendo o Deus que estás nos céus, sendo que esta expressão significa que Deus está noutro patamar, Ele não é um pai terreno, um pai terreno falha, mas o nosso Deus Pai que estás nos céus, que está acima, que é mais poderoso que é perfeito e Santo, Ele jamais falhará, no verso 32 está lá a mesma expressão “Pai Celestial…” Sabe que nós precisamos delas.
Mais um paralelo é quando na oração do Pai Nosso está a expressão “O pão de cada dia dá-nos hoje”, nada melhor do que o verso 34 para compreender esta ideia, de que Deus cuida de nós um dia de cada vez, logo Ele pede-nos para vivermos um dia de cada vez, “Portanto não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” Isso tem implicações diretas na nossa vida, uma delas é que Deus cuida de nós no presente, por isso não vale a pena nós nos preocuparmos ou termos ansiedade por causa do futuro, tentar viver no presente as preocupações do futuro é entrar em desespero e acabamos por ficar stressados e com isso diminuir em muito a nossa qualidade de vida.
Jesus já estava a usar algo que a psicologia afirma ser uma espécie de cura para a ansiedade, “viver um dia de cada vez, viver um problema de cada vez” e Deus cuidará.
Concluindo, Jesus sabia e sabe porque ainda hoje é assim, que um dos grandes desafios da vida dos seus discípulos iam ser a atração às riquezas deste mundo. Jesus sabia isso porque Ele como nosso Sumo-sacerdote também foi tentado pelo próprio Satanás nessa área (Ler Hebreus 4:15 e ver isso na prática em Mateus 4:8-9).
Mas Jesus promete que se o colocarmos a Ele e as coisas concernentes ao Seu Reino em primeiro lugar que nada do que necessitamos, e aqui sublinho necessitamos, nos vai faltar para viver.
Convém-nos refletir sobre o que desejamos mais? A presença de Deus ou as riquezas deste mundo? Uma coisa ou outra não existem meios termos, lembremo-nos da mornidão e da consequência para essa mornidão. Quer saber se é discípulo verdadeiro de Cristo? Coloque sempre o Reino de Deus em primeiro lugar independentemente das consequências ser discípulo de Cristo é estar pronto para assumir essas consequências, assumir as consequências da obediência a Cristo sabendo que Deus vai honrar quem o honra a Ele.
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